Um desabafo sobre a restrição de acesso ao Hulu, Last.fm, YouTube…

Sinto falta do tempo em que a Internet era livre, sem restrição baseada no local de acesso. Não estou falando da censura do YouTube pela China, mas sim de algo que afeta diretamente os brasileiros.

YouTube, Hulu, Spotify e Pandora são alguns sites de streaming de vídeo ou de música que têm seu conteúdo (seja na íntegra ou não) bloqueado em vários países, entre eles o Brasil. O Pandora foi o primeiro site a permitir o acesso de sua rádio personalizada apenas por usuários localizados nos Estados Unidos.

Mais um famoso serviço se uniu a esta lista ontem: o Last.fm. Se você não mora no Reino Unido, nos Estados Unidos ou na Alemanha, agora só poderá ouvir as rádios do site se pagar a quantia de 3 euros por mês (nos três países citados, o streaming continua de graça). Ainda tem mais: ao se inscrever no serviço pago aqui no Brasil, você terá direito a menos recursos do que quem não paga nesses países (via @flaviadurante).

Até então, a justificativa para a restrição de acesso estava ligada a questões sobre direito autoral. As leis sobre o tema variam de país para país – inclusive em relação ao pagamento do direito de uso de vídeos ou músicas. Segundo a Wired, a decisão do Last.fm foi fundamentada numa questão econômica: os anúncios em países como o Brasil não geravam receita suficiente para cobrir os gastos.

E se isso abre um precedente para que outros tipos de sites façam o mesmo, justificando que países da América Latina não dão dinheiro? Sempre existiu informação restrita na Internet, mas permitir o acesso a um site só por habitantes de um determinado país não me parece certo em um mundo globalizado. A Internet não é, afinal, a rede mundial de computadores?

Eventos de Biblioteconomia e Web no mês de Março

Estão marcados para o início deste mês, em São Paulo, alguns eventos interessantes nas áreas de Internet e Biblioteconomia. São todos gratuitos, mas necessitam de inscrição prévia. Anote na agenda:

Arquitetura de Informação e as novas exigências da Web Contemporânea
Palestras com Guilhermo Reis, Thaís Campas e Sthefan Berwanger. Dia 7, a partir das 10 horas, na Faculdade Impacta.

youPIX 2009
Programação variada sobre cultura e arte web. Também será o local de entrega do prêmio Melhores da Websfera. Dias 9, 10 e 11 no Espaço Gafanhoto.

Biblioteca 2.0, Wiki e Blogs: o admirável mundo novo
Palestra com Teresa Laranjeiro, bibliotecária do do Goethe-Institut de Lisboa. Dia 10, às 19:30, no Instituto Cervantes.

O uso de Novas Tecnologias em serviços de Bibliotecas voltadas ao atendimento, com maiores facilidades de serviços aos usuários
Mesa redonda com Fabiano Caruso e Moreno Barros. Dia 12, das 14 às 17 horas, no anfiteatro da Escola Politécnica da USP.

Epicentro: ideias que valem a pena espalhar
Palestras de 18 minutos com profissionais de várias áreas. O evento criado pela BIZREVOLUTION e IT Midia acontecerá no dia 19, a partir das 14:30, com transmissão ao vivo pela Internet.

Migração garante vida longa às informações digitais

Não vou fazer aquele discurso repetitivo de que é necessário fazer cópias dos arquivos do computador regularmente e yada yada. Meu ponto é sobre algo que a maioria geralmente esquece: a importância de atualizar esses backups. Não basta fazer cópias de segurança em CD, DVD, outro disco rígido ou na Internet. É necessário também garantir que você vai conseguir acessar esses arquivos no futuro. Kevin Kelly chama isso de “Movage” (via Wired).

Dois problemas que tive recentemente podem servir de exemplo para demonstrar a importância de ter backups sempre em dia:

Falta de suporte ao formato .qic no Windows XP.
Na época em que o disquete era rei, o software Backup (que vinha com o Windows 9x/Me) era uma ótima opção para fazer cópias de segurança: ele transformava tudo o que precisava ser copiado em vários arquivos no formato .qic, um para cada disco. Esse formato, porém, deixou de ser utilizado a partir do Windows XP. Sobraram poucas opções para conseguir extrair os arquivos originais de um arquivo .qic.

Arquivos gravados em CD que não abrem mais.
Em 2001, gravei alguns vídeos em um CD-ROM. Como a mídia era boa, funcionou perfeitamente a curto prazo (quando o CD-ROM é de má qualidade, os problemas de leitura aparecem pouco tempo após a gravação). Esqueci que esse CD existia e só fui lembrar dele agora, em 2009. Ainda consegui abrir muitos dos arquivos, mas alguns se tornaram irrecuperáveis.

Podemos dividir, então, os problemas em duas categorias: os de suporte físico (CD, disco rígido, DVD, etc.) e os de formato do arquivo digital. Para que sua sorte seja maior que a minha, é importante:

Verificar regularmente a mídia.
Coloque-a no computador e tente rodar os arquivos. Ao menor sinal de que algo está errado, transfira imediatamente todo o conteúdo para um novo local. Dois a três anos é um período seguro para manter arquivos em CDs ou DVDs antes de precisar trocá-los.

Escolher um formato de arquivo confiável e ficar atento à obsolescência.
Opte por formatos suportados por vários programas e sistemas operacionais (PDF e TXT para texto, JPEG para imagens, MP3 para músicas, etc.) e que, de preferência, já estejam sendo usados há algum tempo. Evite formatos de backup ou compressão de arquivos; se precisar usá-los, ZIP ou RAR são as melhores opções. Verifique regularmente se você ainda consegue abrir o arquivo ou se ele já está ficando obsoleto e faça a migração para outro formato assim que for necessário.

Se seus arquivos estão nas nuvens
(em algum serviço online como o Gmail, por exemplo), garanta que esta não é a única cópia e fique atento para notícias de descontinuação de serviços. Em caso positivo, providencie imediatamente uma transferência para outro site ou para o seu computador.

Preservar arquivos digitais não é mesmo uma tarefa fácil… Contudo, se você lembrar que os formatos vão mudando e que as mídias vão se desgastando, é possível guardar aquelas fotos das férias na Disney para mostrar para os seus netos no futuro.

Momento “geek” de The Big Bang Theory #2: Algoritmo da amizade

Episódio: The Friendship Algorithm (S02EP13)

Após tentar de tudo para conquistar a amizade de Kripky, Sheldon compra o livro infantil “Stu the Cockatoo is New at the Zoo” e utiliza seu alto QI para criar um fluxograma de como fazer amigos.

The Friendship Algorithm, by Dr. Sheldon Cooper, Ph.D

Nerds e geeks geralmente são programadores e, por isso, adoram fazer fluxogramas dos mais variados assuntos. Quer alguns exemplos? 

E agora você já sabe: para aumentar seu círculo de amizades, basta seguir o fluxograma do Dr. Sheldon Cooper! Sucesso garantido! 😛

A pesquisa do IBOPE com heavy users na Campus Party

Entre os dias 20 e 21 de Janeiro, o IBOPE fez uma pesquisa com 600 participantes da Campus Party. O objetivo foi 

traçar um perfil dos heavy-users de tecnologias digitais no Brasil e também (…) aumentar a compreensão sobre os hábitos e atitudes dos internautas em relação às tecnologias colaborativas.

Os “heavy users” da Internet são aqueles que utilizam a rede com muito mais frequência do que a maioria dos outros usuários. Nem todos os heavy users são “early adopters“, ou seja, as pessoas que sabem sempre das últimas novidades da Web e que são os primeiros a utilizar e/ou se inscrever em um site recém-lançado. A notícia no site do IBOPE fala apenas em heavy users; já a notícia do Estadão usa os dois termos para definir os entrevistados.

Alguns resultados desta pesquisa:

70% nunca utilizaram o Twitter.
Este foi o resultado que mais me surpreendeu, já que o site de microblogging é a atual “menina dos olhos” dos early adopters brasileiros e São Paulo é a 4ª cidade com mais usuários no serviço em todo o mundo. Sem contar também que grande parte do conteúdo online sobre a Campus Party foi compartilhado lá. Realmente o Twitter ainda é um site desconhecido por muitos. 

Ainda sobre o Twitter, apenas 11% acompanham as atualizações várias vezes por dia.
Portanto, a maioria dos entrevistados deve fazê-lo pela interface web e não com o auxílio de extensões como o TwitterFox ou programas como o TweetDeck. Pensando mais uma vez no público early adopter, que está sempre testando novos programas, é pouco.

A maioria dos números sobre blogs foram os esperados,
mas a estatística de que 4% nunca leram blogs é significativa mesmo se pensarmos no público de heavy users (já que este tipo de site existe há pelo menos uma década).

Os fóruns de discussão continuam em alta.
Cerca de 21% dos entrevistados postam todos os dias e 57% visitam estes fóruns pelo menos uma vez por semana. Será que as comunidades do Orkut estão incluídas nestas estatísticas?

RSS ainda é muito pouco utilizado.
45% usam a tecnologia para ler notícias, sendo que apenas 28% o fazem diariamente. Apesar de toda a divulgação sobre as vantagens dos feeds para acompanhar as atualizações de um site, parece que a maioria ainda não optou por utilizá-los. Ou será que já o fazem de outras formas (pelo iGoogle, por exemplo) e não sabem? Se esses 45% forem early adopters, é surpreendente que esse número seja tão baixo.

Computador não é tudo na vida de um heavy user.
52% preferem gastar o dinheiro em viagens, porcentagem maior do que com computadores, celulares ou smartphones. 

Mesmo que não seja o objetivo da pesquisa, é difícil não tentar adivinhar qual é o perfil de quem frequenta a Campus Party.
Com os resultados apresentados, fiquei com a impressão de que o evento não está atraindo apenas os aficionados por tecnologia, mas também um público menos especializado. Isso já acontece no Anime Friends, evento de anime que hoje recebe, além dos otakus, o público jovem que conhece pouco a animação japonesa e vai mais pela “festa”. 

Os brasileiros continuam amando suas redes sociais, jogos online (69% joga ou já jogou) e YouTube (94% assiste vídeos do serviço pelo menos uma vez por mês). Porém, se considerarmos os resultados da pesquisa como sendo de um público early adopter (como fez a matéria do Estadão), muitos estão bem abaixo do esperado. Fiz a distinção entre early adopter e heavy user no começo da postagem para ajudar a sanar a seguinte dúvida: estas estatísticas seriam de um público que utiliza muito a Internet (mesmo que seja apenas Orkut ou MSN) ou de um público que está sempre à frente das novas tecnologias? Talvez o público da CParty seja variado demais para responder esta pergunta.

De qualquer forma, é uma oportunidade para pensarmos sobre o uso que fazemos da Internet e sobre o potencial que ainda é desconhecido da maioria das pessoas. Como fazer para mudar esse quadro e educar as pessoas da infinidade de usos da Internet que elas ainda desconhecem?