Internet Archive e a preservação de arquivos digitais no Brasil

Uma das promessas não cumpridas da internet é de que haveria uma “revolução” da memória. Os conteúdos digitais ficariam imunes às intempéries do mundo físico, permitindo preservar para sempre as criações humanas, traduzidas em simples bits e bytes. Não funcionou.

Tudo o que vai parar no mundo digital é efêmero. A tecnologia renova-se, e os formatos ficam obsoletos. Universos inteiros de dados desaparecem ou ficam inacessíveis o tempo todo. Foi o que ocorreu com o Geocities, precursor das redes sociais. Em 1999, era o terceiro site mais acessado do planeta. Em 2009, deixou de existir (há um pouco dele no Internet Archive, mas muito se perdeu).

No Brasil, Caetano Veloso queixou-se no jornal “O Globo” sobre o tema. Seu blog Obra e Progresso, criado no processo de gravação do álbum “Zii e Zie”, sumiu também. Para alívio da situação (e dos fãs), parcelas do site estão no Internet Archive.

Só que o Internet Archive não resolve toda a questão. Grande parte dos conteúdos na rede hoje está atrás de “muralhas” fechadas, como o Facebook e outras redes sociais. O Internet Archive não entra ali. Só arquiva o que está aberto na rede.

Outro problema são os direitos autorais. Pela lei brasileira, preservar qualquer conteúdo requer autorização do autor e titulares.

Pela lei americana, essa autorização não é necessária. O Internet Archive pode armazenar tudo, desde que retire conteúdos específicos em caso de reclamações.

Há no Ministério da Cultura uma proposta para reformar nossa lei, autorizando o arquivamento. Até a sua aprovação, a chance de surgir um arquivo abrangente da rede no Brasil é zero.

Isso traz mais preocupações. Por exemplo, o Orkut. Apesar de muita gente torcer o nariz para o site hoje, ele é o mais rico e detalhado documento do período de 2004 a 2011 no Brasil. Registrou fenômenos como a ascensão da classe C, transformações no uso do português, além de inúmeros dramas pessoais.

Há muitos temas dos últimos anos visíveis pelo Orkut, preservados em registro microscópico. Mas basta uma decisão do Google para tudo ficar inacessível.

A Biblioteca do Congresso dos EUA já preserva a memória digital. Nossa Biblioteca Nacional deveria fazer o mesmo, a começar pelo Orkut.

A conclusão é simples. Se há algo importante para você armazenado na rede, vá lá e faça um back-up no seu computador. E não deixe para amanhã.

Análise: Arquivos digitais esbarram em ‘muralhas’ e direitos autorais

Aproveitando o lançamento do TV News, a Folha fez uma matéria especial sobre o Internet Archive e o Ronaldo Lemos escreveu uma coluna sobre o assunto, que citei por completo acima porque não consegui escolher apenas um trecho.

Aqui no Brasil a questão é mesmo mais complexa do que nos Estados Unidos. Esbarramos nas dificuldades financeiras… mas (e digo isto também para os países de primeiro mundo) quem é que está realmente se preocupando com o futuro da informação na Internet? O interesse é pequeno porque não é algo que vai dar lucro a curto prazo, ao contrário da informação rápida do presente. Pensar na preservação da informação digital (e não apenas daquela gerada no suporte físico) é o papel cada vez mais importante das bibliotecas e centros de informação.

Ergonomia da leitura em e-readers e tablets

When I started drawing up a table to compare the weights of various readers, I had a reality check. None of these readers—even my somewhat chunky Kindle Touch—weighs more than a paper book does. So, why did people never deal with RSIs back in the paper days? Why would my lighter-than-paperback Kindle Touch be an issue if I could read a paper novel without any problems?

Mais em E-Book Ergonomics: Best Practices?

Retomando o assunto postura e dispositivos eletrônicos… Quem já usou o iPad sabe o quanto ele é pesado para ficar nas mãos por um tempo prolongado. E sendo tablet, e-reader ou mesmo smartphone, o polegar não demora a dar sinais de que você já passou muito tempo em contato com uma tela touchscreen. Talvez a melhor solução para os problemas de ergonomia causados pelos dispositivos móveis seja mesmo tomar cuidado com o vício.

Uma história dos livros de bolso nos Estados Unidos

On June 19, 1939, the tall, dynamic entrepreneur took out a bold, full-page ad in The New York Times: OUT TODAY—THE NEW POCKET BOOKS THAT MAY TRANSFORM NEW YORK’S READING HABITS.

The ad was timed to coincide with the debut of his newest endeavor, an imprint called Pocket Books. Starting with a test run of 10 titles, which included classics as well as modern hits, de Graff planned to unleash tote-able paperbacks on the American market. But it wasn’t just the softcover format that was revolutionary: De Graff was pricing his Pocket Books at a mere 25 cents.

How Paperbacks Transformed the Way Americans Read (via).

Rapidinhas para o final da quarta-feira

Pesquisa Retratos da Leitura 2011: alguns resultados foram divulgados em março deste ano, mas o livro da pesquisa completa acabou de ser lançado durante a Bienal do Livro. Também é possível lê-lo de graça online.

Para matar as saudades da chuva: Rainy Mood e Raining.fm, dois sites que têm a mesma função: tocar aquele som gostoso de chuva caindo. Ótimo para estudar, trabalhar e relaxar.

Never Lose Another Link: The Uber-Geek’s Guide to Reading Online: gosto muito de ler sobre os sites e os aplicativos que outras pessoas usam para facilitar a vida. Neste artigo, Jon Mitchell fala do uso que faz do Pocket, Evernote Clearly e Reading.am, dentre outros, para não perder nenhuma leitura na Internet.

1001 discos para ouvir antes de morrer, online e em streaming: já leu o livro? Este site reúne todos os discos para ouvir a hora que quiser, sem precisar baixar. Um achado. (via)

**INFORMATION STACK OVERFLOW**

**INFORMATION STACK OVERFLOW**… ou, “O dia em que paramos de prestar atenção”, artigo ótimo do Michel Lent.

Já demoramos tempo demais pra encontrar o equilíbrio. Acima de tudo, é uma questão comportamental: precisamos ter a consciência de que não podemos saber de tudo e de que precisamos ser mais seletivos. Sim, sei que isso é apenas o começo, mas mudar a nossa relação com a informação é muito parecido com começar uma dieta ou parar de fumar.

Sobre este tema, estou lendo o livro The Information Diet: A Case for Conscious Consumption. Quando terminá-lo, falo mais sobre ele.