Cobertura do IX EREBD SE/CO USP: Mesa 2 – Virtualidade

Esta é a segunda parte da série (de dois posts) sobre os eventos que ocorreram no feriadão da Consciência Negra. A parte um está aqui.

A seleção dos participantes das mesas do EREBD não poderia ter sido melhor, como já comentei em post anterior. Não vi a Mesa sobre Liberdade, mas vi as de Virtualidade e Contestação e posso dizer que a experiência foi muito rica.

Mesa Virtualidade (com direito a Twitter no laptop)
Mesa Virtualidade (com direito a Twitter no laptop)

Acompanhei presencialmente a Mesa 2 – Virtualidade, com Fabiano Caruso, Marcos Mucheroni e Luli Radfahrer. Fiz algumas anotações (do jeito analógico mesmo; viva a caneta e o moleskine “do Paraguai”!), que transcrevo abaixo mais ou menos da forma em que foram anotadas. As reflexões ficam para depois, porque é assunto demais para um post só.

  • Teoria x prática na educação: falar em aula colaborativa é uma coisa, fazê-lo é outra. [Mucheroni]
  • O primeiro instrumento de um acervo não é o livro, mas sim a oralidade. [Mucheroni]
  • Sobre a Biblioteconomia: pensamos mais na profissão em si do que na nossa missão, que é preservar a história da humanidade. (…) 80% dos sites da Internet desaparecem a cada ano. Qual nosso papel nisso? [Mucheroni]
  • Aprendemos muito ao viajar para o exterior. É como se abríssemos dez livros ao mesmo tempo (sobre a experiência de universidades multinacionais). [Mucheroni]
  • Caruso ressaltou em vários momentos que a missão da Biblioteconomia é a Liberdade e a Autonomia Intelectual, que também foram a base para a criação das bibliotecas públicas. As práticas atuais da Biblioteconomia condizem com essa missão?
  • Ser “Gestor de Sistema de Informação” é suficiente em tempos de Web? [Caruso]
  • As bibliotecas têm um pensamento voltado ao “de cima para baixo” (da instituição para a sociedade). [Caruso]
  • O médico não estuda para gerenciar um hospital e sim para lidar com saúde. E o bibliotecário? [Caruso]
  • Nosso foco tem que ser voltado para o fim, não para a atividade. [Caruso]
  • Ao criarem as bibliotecas digitais, as bibliotecas estão fazendo a migração automática da instituição física para a Internet. [Caruso]
  • As pessoas não precisam de intermediários, de mediadores da informação. E agora, qual é o nosso papel? [Caruso]
  • Temos que atuar com as pessoas no universo delas, e não tentar trazê-las para o nosso universo. [Caruso]
  • Saídas subversivas para resolver problemas da nossa formação: Arquitetura da Informação, etc. [Caruso]
  • Tecnofilia x tecnofobia: não é certo valorizar mais o iPod do que as músicas que estão no aparelho nem idolatrar os LPs. A virtude está no meio termo. [Radfahrer]
  • A escola não mudou nada nos últimos 500 anos. [Radfahrer]
  • Ansiedade da informação: quem inventasse os RSS anônimos ficaria milionário! O problema está em se angustiar. Quem disse que você precisa saber tudo? [Radfahrer]
  • Que valor tem a informação se ela não for compartilhada? As melhores idéias surgem das conversas. E o melhor da blogosfera são os comentários. [Radfahrer]
  • Frase chave do vídeo The Machine is Us/ing Us: “forma e conteúdo podem ser separados” (XML, CSS). [Radfahrer]
  • A “grande evolução da web 2.0”: a banda larga. Ou você usaria o Twitter na época da Internet discada? [Radfahrer]
  • Web 3.0 será a Internet das coisas (e não será mais a Internet como nós conhecemos, nem poderá ser chamada como tal) [Radfahrer]
  • Ciência da Informação é mais importante do que nunca, afinal quem irá limpar a bagunça da Internet? Aqui entra a web semântica e a semântica social. A classificação não pode ser de cima para baixo (ditadura) nem de baixo para cima (zona); deve-se buscar o meio termo… com quais critérios? [Radfahrer]
  • A fonte de informação é cada vez mais a pessoa, não o livro. Exemplo: del.icio.us network. [Radfahrer]
  • Por que não criar um blog para expressar suas idéias e, no futuro, formatá-las num paper? [Radfahrer]

Sim, uma explosão de informação. O Luli, sozinho, fala pelo menos um conceito importante em cada frase! Quem acompanhou o Descolagem também deve ter sentido isto: não dava para desgrudar a atenção da fala dele nem por um minuto, para não correr o risco de perder algo importante (olha a ansiedade de informação de novo xD).

Assisti a Mesa 3 – Contestação pela transmissão online. Assim como outras pessoas que estavam acompanhando o evento online (e “offline”), deixei mensagens no Twitter sobre o que estava sendo apresentado nesta terceira mesa. A fala de Maria Aparecida de Aquino se centrou na censura dos jornais durante a Ditadura Militar, enquanto Oswaldo Francisco de Almeida Júnior e Luís Milanesi falaram mais do presente e futuro da área de Biblioteconomia.

Parabéns à comissão organizadora pela iniciativa de criação de uma conta do Twitter especialmente para o evento e pela transmissão em vídeo, que estava com uma qualidade ótima e não baleiou uma vez sequer. Que bom que a transmissão online de eventos de biblioteconomia está virando algo mais comum. Tomara que mais organizadores de eventos da nossa área (e de outras também) tomem a mesma iniciativa. Assim como aconteceu com a III Semana de Biblioteconomia, os vídeos do IX EREBD SE/CO também serão disponibilizados no site IPTV da USP, para serem vistos quando e quantas vezes for necessário.

Tenho que parabenizar também quem teve a idéia e quem conseguiu convencer todos da comissão organizadora (inclusive os homens!) a utilizar a camiseta rosa-choque com o Woodstock =P

Como nem tudo são flores, fiquei com a impressão de que o EREBD é um evento feito para quem é de outras cidades… Mas fico feliz de ver que a USP deu a cara pra bater e conseguiu trazer o EREBD para cá. Parabéns aos organizadores!